A Loucura: a contenção de Si-mesmo
Você já sentiu que está sempre usando uma camisa-de-força para segurar-se em Si mesmo? Uma conversa sobre a “loucura”.
Psicólogo Clínico e Psicanalista
CRP 06/123471
Falando sobre Ansiedade de uma forma lúdica.
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Como em todo processo analítico, a própria Psicanálise se utiliza de símbolos e significados abstratos para explicar seus maiores e mais importantes conceitos; com base nisto, vamos refletir sobre o processo ansiógeno (de Ansiedade) de acordo com o que se pensa e se trabalha em clínica Psicanalítica.
Primeiramente, uma aula de rápida de Paleoantropologia (nome difícil, mas que significa o estudo de Seres Humanos pré-históricos através de fósseis): estes cientistas afirmam que o Ser Humano pré-histórico possuía padrões culturais que ainda hoje executamos quase que diariamente, como contar e ouvir histórias à noite em volta da fogueira (“Oi, Netflix hoje a noite?”), viver dentro de locais fechados para se proteger do ambiente hostil, e se preocupar com o futuro que levará a morte iminente.
Bem, ainda hoje não estamos perfeitamente seguros do ambiente, mas as chances de sermos atacados por um leão se tornaram bem menores, não é? Não necessariamente… Desde nosso tempo como Seres das Cavernas (o início da humanidade como Homo Sapiens, provavelmente até antes), as pessoas tem Ansiedade, mas naquela época era um artifício de sobrevivência muito importante.
Vamos imaginar a seguinte história:
Você está andando na savana, procurando frutas, de repente vê um leão de longe. Primeiramente você escapa sem o leão te ver, mas pensa: “Agora que sei que tem um leão aqui, devo ficar atento e tomar cuidado”. Todo e qualquer barulho, ruído, cheiro ou vislumbre que se pareça com um leão fará seu coração disparar, sua pele suar, seu apetite desaparecer e talvez até seu intestino funcionar de forma desordenada, pois sua mente focará apenas em uma coisa: correr ou lutar.
Neste exemplo, é possível perceber que uma realidade (leão está por perto) se encontra com o medo incessante de ser atacado (ou de encontrar com este leão novamente). Como reação normal de luta-fuga o corpo se prepara para o pior cenário, já que não tem controle do futuro (do que possa acontecer caso não esteja preparado e seja atacado de surpresa).
Lembrando do leão (passado), o corpo se prepara (presente) para qualquer dificuldade que possa surgir com base no que se sabe (futuro).
No caso da Ansiedade, vamos pensar em três possibilidades:
Pensando em TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada, saiba mais clicando aqui), estamos falando tanto do caso B quanto do caso C.
Apesar de no caso B haver a consciência do leão, a neurose o mantém por perto e, além, pode acabar associando “sinais de um leão por perto” com tarefas corriqueiras e que não apresentam nenhum tipo de perigo real, mantendo a ansiedade como artifício para estar sempre em alerta, mesmo que o perigo não exista mais no mundo real externo.
No caso C, a mesma coisa do anterior, com a diferença de que a pessoa nem ao menos se lembra que um dia viu um leão por perto, apenas sente que deve se proteger de um perigo/mal e tem recorrentes crises (sintomas físicos e psicológicos) sem saber os motivos. Neste caso, a pessoa sabendo que “está tudo bem”, sentindo estes sintomas, acredita fielmente de que tem algum problema físico que a levará à morte. Entretanto, o medo da morte está simbolizado pelo leão. Sem a lembrança do leão, sobra o medo da morte.
E sendo o medo da morte algo real, e os sintomas tão verossímeis, que resta apenas o desespero.
Obviamente, tudo aqui descrito está de forma abstrata e simbólica. O leão ficou no passado da Humanidade, mas os sintomas de perigo e evitação permanecem, criando outros leões que lutamos ou fugimos no mundo contemporâneo (atualidade). Para compreender isto no seu cotidiano atual é preciso colocar seus signos (símbolos) e significantes (o que eles representam) no lugar correto: busque um Psicanalista para compreender o seu símbolo dentro da sua jornada.
Você já sentiu que está sempre usando uma camisa-de-força para segurar-se em Si mesmo? Uma conversa sobre a “loucura”.
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