Ansiedade: o Leão de cada um
Você sabe de onde vem a Ansiedade? Vamos compreender de uma forma lúdica!
Psicólogo Clínico e Psicanalista
CRP 06/123471
Você já sentiu que está sempre usando uma camisa-de-força para segurar-se em Si mesmo?
Uma conversa sobre a “loucura”.
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Você já sentiu que está vestindo uma camisa-de-força?
Não por que você é uma pessoa que precisa ser contida, mas que se contém por medo da sua loucura ser prejudicial à imagem que você construiu de você mesmo?
Primeiro, vamos problematizar: O que é ser louco?
A ideia de loucura muitas vezes se baseia em um conceito normatizador, que nos propõe seguir um ritmo comum aos demais, e tudo fora deste normal é visto como doideira.
Na realidade, o termo ‘louco’ é por si só já um termo limitador, que carrega em si uma doença da mente que não tem cura. O ‘louco’ é assim e só será assim, marginalizado, quebrado, ruim. Como dito em outro texto deste blog, Bom e Ruim: As Duas Faces da Mesma Moeda, o conceito dual entre duas forças que se opõe é algo construído socialmente, mas não é de fato uma certeza escrita na pedra. O que é bom para um, é ruim para outro; o que é loucura para uma cultura, é normalidade para outra.
Vale lembrar que quando estou usando o termo ‘louco’ estou pensando na loucura do ponto de vista social, não em psicopatologias hoje compreendidas que anteriormente eram apenas catalogadas como loucura. As psicoses, por exemplo, são reais e é um sofrimento humano! Entretanto, nem mesmo pessoas psicóticas podem ser chamadas de loucas, pois além de ofensivo, é uma psicopatologia que precisa de cuidado, atenção e amor, ao invés de padrões normatizadores que classifiquem essas pessoas como aptas ou não para estarem em torno social. Lembro aqui sobre a Luta Antimanicomial que nossos colegas travaram e ainda travam frente aos preconceitos sobre estas condições mentais.
Deixando isto claro, seguimos:
Se formos pensar na Idade Média (e períodos adjacentes), era loucura pensar que a Terra não é o centro do Universo, de que o nosso sistema solar é apenas um frente a bilhões ou trilhões de outros possíveis, de que as estrelas no céu noturno são outros mundos ao invés de apenas pontos presos em um manto negro. Hoje consideraríamos louco aquele que diz o oposto disto. A Ciência avançou a patamares únicos que nos comprovam com imagens, cálculos e física como somos pequenos em comparação ao todo.
Podemos pensar em um exemplo mais aqui pertinho da gente também: a homossexualidade até o inicio deste século era compreendida como um mal da mente, uma distorção da natureza humana. Hoje sabemos que é algo natural, que ocorre em diversas espécies, por diversos fatores adaptativos ambientais. Lógico que este ainda é um assunto delicado, mas existem estudos que estão cada vez mais chegando a estas conclusões. Algo natural, ou seja, da natureza!
Então ser louco é sair do comum? É ser diferente dos demais? É executar um plano que dará outra roupagem à sua existência, não importando o julgamento externo?
A minha resposta, pensando no que vejo e conheço, seria sim. E perceba: isto não é algo ruim.
É loucura correr 42 quilômetros sem parar, em círculos, no meio da cidade de São Paulo? Sim.
É loucura fazer a mesma coisa na Corrida de São Silvestre? Não.
O que faz algo ser considerado anormal, disfuncional, errado ou problemático é o contexto em que esta ideia está inserida. Perceba: até correr 42 quilômetros em círculos em São Paulo sem ser na São Silvestre não carece de julgamento entre loucura ou não, pois a pessoa que decidiu fazer isto tem em Si uma motivação única que para ela é saudável psicologicamente.
Desde que não haja prejuízo a um outro ser humano, outra espécie ou ao meio ambiente, qual o problema?
Correr atrás daquilo que te faz bem, te é importante, seu desejo, ambição, curiosidade, etc. é ser louco ou ser corajoso? Arriscar-se ao novo, aquilo que realmente te representa e que te dá prazer em Ser pode te fazer mal em qual sentido? Social?
Qual social? Aquele que te ajuda a sobreviver no mundo ou aquele que te prende em uma forma de pensar que, muitas vezes, não tem sentido com suas próprias ideias e sentimentos?
Nisto retorno: a camisa-de-força é um aparato que retém a pessoa de machucar-se ou machucar os outros. Apesar de ser algo usado há muitos anos atrás como uma proteção, era na verdade uma forma de conter impulsos de outro que a massa considerava ruim. Hoje existem diversas outras formas de cuidar de pessoas em sofrimento psíquico real que podem causar dano a si mesmos ou machucar pessoas próximas, bem melhores do que uma prisão em si mesmo, de cunho punitivo e que causava mais prejuízos mentais do que auxílio.
Concluindo a alusão, a camisa-de-força pode ser compreendida aqui como uma prisão de si em Si-mesmo, uma forma de conter seus impulsos para ‘não causar problema ao outro’ ou, em nossa neurose social, causar mal a Si-mesmo e a própria vida.
Se seu desejo for fazer mal a alguém, obviamente devemos sentar e conversar mais, pois aí você estará destruindo um outro Ser que também merece a liberdade, o afeto, o respeito; mas se seu desejo é sair pelo Mundo com uma mochila nas costas, largar seu emprego para vender suas coxinhas, de acabar um casamento para viver sozinho, de arriscar uma aula de dança mesmo não sabendo dançar, de falar o que sente sobre seus pais para seus pais, de pedir colo a um amigo, entre tantos outros exemplos que poderíamos pensar aqui: qual o problema? O que você acha que está se defendendo? Sobre o que está se defendendo? Sobre o que você pode estar mais se privando por medo do que os Outros pensarão do que de fato ser algo que você ‘não pode fazer’?
“De médico e de louco todo mundo tem um pouco.”
Qual a sua loucura?
As camisas-força ainda estão em uso. Disponível em: http://pt.scienceaq.com/Outros/1004022583.html. Acesso em: 13 set. 2023.
Luta antimanicomial: entenda o que é e qual sua importância. Disponível em: https://www.politize.com.br/luta-antimanicomial-o-que-e/. Acesso em: 13 set. 2023.
As 6 teorias sobre as causas da homossexualidade (de acordo com a ciência). Disponível em: https://psicologiadiz.com/psicologia/as-6-teorias-sobre-as-causas-da-homossexualidade-de-acordo-com-a-ciencia/. Acesso em: 13 set. 2023.
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